
Levar a criança ao pediatra regularmente é essencial para garantir o desenvolvimento dela, mas o acompanhamento não pode parar depois dos primeiros anos de vida.
Logo depois que o bebê nasce, a ida ao pediatra se torna um compromisso frequente na agenda da família – são elas que vão avaliar a saúde do pequeno depois do parto, como ele está se desenvolvendo, se está ganhando peso corretamente… Mas se, em geral, os pais costumam seguir à risca a rotina de consultas e exames ao longo dos dois primeiros anos de vida, é muito comum que depois disso só voltem a procurar o especialista quando a criança apresenta algum sintoma visível. Embora isso seja comum, a falha dessa prática é que ela foca num problema que poderia ter sido evitado caso as visitas ao consultório tivessem sido respeitadas.
“A principal causa do abandono do seguimento pediátrico das crianças é o desconhecimento, por parte dos pais, da necessidade de proteger e de preparar os pequenos para que se tornem adultos saudáveis”, afirma o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros, autor do livro Pediatria Hoje e diretor da clínica MBA Pediatria, em São Paulo. “A instabilidade financeira é outro fator que costuma afastar as famílias do consultório, mas não é o motivo principal. O que os pais precisam entender é que levar seus filhos ao médico é uma atitude preventiva”, acrescenta o médico.
Por isso, recomenda-se que os encontros com o especialista obedeçam uma frequência: uma vez por mês durante o primeiro ano de vida, uma vez a cada três meses no segundo ano, semestrais dos 3 aos 7, e anuais até por volta dos 21 – sim, porque função do pediatra é garantir o desenvolvimento do seu filho também pensando no futuro. “A fase final do crescimento e a fase que a antecede (a adolescência) são de suma importância, pois além da puberdade, há aspectos afetivos e comportamentais que podem afetar a saúde. Devemos lembrar que o trabalho do pediatra é garantir que a criança e, depois, o adolescente se torne um adulto forte, saudável e capaz”, diz Barros.
Se isso pode parecer um exagero, é importante ressaltar que cada vez mais surgem casos de crianças diagnosticadas tardiamente com enfermidades que poderiam ser prevenidas ou tratadas a tempo caso houvesse um acompanhamento regular. “Diabetes, doenças de tireoide, doenças endócrinas e a Doença Renal Crônica (DRC) são algumas das consequências de não colocar as consultas em dia, além dos problemas de obesidade, crescimento e desenvolvimento motor e mental”, alerta o especialista.